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Quantas vezes se deve medir a glicemia furando os dedos

Se você tem diabetes, pode ser necessário medir a glicemia em casa, para realizar o chamado automonitoramento da doença. Saber sua taxa de açúcar no sangue ajuda a avaliar a necessidade de fazer ajustes na medicação ou no estilo de vida. Mas… em que casos é preciso fazer a medição? Quantas vezes? Em que momento do dia?

Não adianta procurar uma regra, porque ela não existe. A hora ideal para medir a glicemia varia muito de acordo com o quão controlado está o diabetes e com diversas condições do estado geral do paciente. Às vezes nem é indicado medi-la com muita frequência. Tudo depende da pergunta clínica que precisa ser respondida. Será que essa fase de estresse está afetando minha glicemia? Será que ter começado a fazer exercícios diminuiu minha necessidade de medicamentos? Para cada pergunta, existe um esquema específico. Quem define tal esquema? A equipe médica, composta por médico, enfermeiros e auxiliares, de acordo com as possibilidades e necessidades de cada paciente.

Ainda que as metas de valores variem de acordo com a população, a idade, o risco de hipoglicemia e diversos outros fatores, é possível termos uma ideia dos números. Consultamos a dra. Sharon Nina Admoni, médica endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês e do Grupo de Diabetes do Hospital das Clínicas da FMUSP para indicar os valores de referência abaixo, que dão um panorama geral, mas lembre sempre que cada tratamento é personalizado.

O que significa cada referência de horário

  • Em jejum: Logo que acordar;
  • Antes da refeição: Imediatamente antes de comer (chamada de medida pré-prandial);
  • 1 hora após a refeição: 1 hora após dar a primeira “garfada” (chamada de medida pós-prandial);
  • 2 horas após a refeição: 2 horas depois de dar a primeira “garfada” (igualmente chamada de medida pós-prandial);
  • Antes de dormir: Logo antes de deitar;
  • Madrugada: Por volta das 3 horas da manhã.

Diabetes tipo 1

Como pessoas com diabetes tipo 1 produzem pouca ou nenhuma insulina, este é um grupo que exige controle frequente da glicemia.

Quantas vezes medir: No mínimo de 3 a 4 vezes por dia. A frequência pode variar de acordo com alguns fatores, como a rotina de exercícios, tipo de alimentação, risco de hipoglicemia, presença de hipoglicemia assintomática ou quando se trata de crianças pequenas. ATENÇÃO: É importante medir a glicemia antes de pegar no volante para trajetos mais longos, como em estradas, para evitar o risco de hipoglicemia enquanto dirige. Nesses casos, a glicemia deve ficar entre 80 mg/dL e 180 mg/dL.

Quando medir: Pode ser solicitado antes e depois de refeições e de exercícios, antes de dormir e às vezes até no meio da madrugada. Circunstâncias como alterações na medicação ou na rotina podem fazer com que o médico mude o esquema temporariamente.

Quando a pessoa acabou de receber o diagnóstico, pode ser que o diabetes esteja muito fora de controle, pois até aquele momento ela não se preocupava com dieta e exercícios e nem tomava medicamentos.

Existem também pessoas que estabilizaram o nível de açúcar no sangue, mas estão passando por um momento específico da vida que torna o controle mais difícil. Períodos estressantes, por exemplo, podem fazer o paciente ter crises de hiperglicemia (alto nível de açúcar) ou hipoglicemia (baixo nível de açúcar) mesmo seguindo o tratamento como fazia até então.

Por fim, pessoas que receberam o diagnóstico mas não seguem o tratamento também podem ter diabetes descontrolado.

Quantas vezes medir

Pelo menos 3 vezes por dia, ao menos uma vez por semana, durante o período indicado pela equipe médica. Eventualmente, pode ser solicitado que em um dia sejam feitas 6 medidas para que se tenha uma ideia geral da reação do organismo em diferentes momentos (em jejum, após refeições, antes de dormir etc.).

Quando medir: Geralmente é recomendada a clássica medida em jejum, e os demais momentos são definidos pela equipe médica.

Diabetes tipo 2 sob controle com uso de insulina

Em geral, pacientes que fazem uso de insulina precisam medir a glicemia mais vezes que aqueles que controlam as taxas de açúcar somente com medicamentos e manutenção de hábitos saudáveis. Este grupo é um dos que mais tem variação na frequência de medidas, pois há muitos ajustes que podem ser necessários. Por exemplo: se a insulina foi prescrita para ajustar a glicemia ao amanhecer, é preciso medir em jejum e, uma vez por semana, fazer o chamado mapa completo (em jejum, antes e depois das refeições). Se a insulina tem como função equilibrar a glicemia após refeições, o esquema muda.

De forma geral, quanto maior a dose e/ou a frequência de insulina por dia, maior será a frequência de medições.

Quantas vezes medir: Em geral são necessárias em torno de 2 a 4 medições por dia.

Quando medir: Varia dependendo do quadro geral do paciente e do tipo de insulina utilizada. Embora geralmente seja requisitado que a medida seja feita em jejum, é importante que em alguns dias também se meça 2 horas após as refeições, pois a pessoa pode apresentar níveis normais em jejum, mas desregulados após se alimentar. Também é comum o médico indicar que em alguns dias se meça a glicemia antes de dormir.

Diabetes tipo 2 sob controle sem uso de insulina

Ao estabilizar a doença com medicamentos, alimentação equilibrada e atividade física regular — sem insulina –, não há consenso sobre a necessidade de automonitoramento. A maioria dos trabalhos indica que ele pode até ser desaconselhado, por aumentar o risco de problemas como ansiedade e depressão. Ainda assim, vale ter um glicosímetro em casa para realizar as medições em determinadas ocasiões.

Quantas vezes medir: Em situações específicas (veja abaixo).

Quando medir: Em casos de sintomas de crises de hipo ou hiperglicemia, ao iniciar o uso de um novo medicamento que possa interferir na glicemia (como corticoides), em períodos de pós-operatório e outros indicados pelo médico. Nessas ocasiões, é recomendado medir em jejum, antes e depois das refeições ou no momento em que tiver suspeita de hipoglicemia.

Com o site drauziovarella.uol